5 de maio de 2012

Contratos ocultos




O grande vilão dos relacionamentos.


Tenho observado que um grave problema que acontece nos relacionamentos, seja entre casais ou entre sócios, se deve a alguns contratos ocultos, que estes fazem, e não conseguem cumprir. Esses contratos, se não são tratados adequadamente, podem levar a separações entre os casais ou a acabarem com uma sociedade. Geralmente, depois do problema existente, fica difícil de resolver.

Mas o que é o contrato oculto?
É quando uma pessoa espera do outro algo que este não pretenda cumprir no relacionamento, por nem conhecer a expectativa do outro.

Quando existe uma expectativa por parte de um que não é possível ser atendida em função de crenças e objectivos diferentes do outro. Aí, quando a pessoa descobre que não terá o que espera, decepciona-se com o outro e o problema está formado.

Exemplificando o que acontece:
imagine um casal de namorados que têm por hábito irem a bares todos os fins de semana. Quando decidem casar, o rapaz pensa: “a minha namorada sabe que gosto de frequentar os bares, de tomar uma cervejinha. Vamos casar, mas continuarei com este hábito”. A moça pensa diferente: “o meu namorado gosta muito de ir a bares, mas isso é porque ele não tem a casa dele. Quando nos casarmos vai mudar”. Não conversam sobre o assunto e casam. Depois de casados, provavelmente irão brigar por isso. O rapaz quer continuar a frequentar os bares e a moça quer ficar em casa…

Outro exemplo: dois amigos resolvem abrir um negócio. Um deles tem um tio que é proprietário de uma empresa de sucesso, onde trabalham vários parentes, por isso acha normal contratar parentes para trabalhar com ele. O outro vem de uma família na qual, quando ainda era criança, um parente lesou o seu pai, levando a família a passar por sérios problemas financeiros. Esta história marcou-o profundamente, porque a mãe até adoeceu em função do problema. Entretanto, ele não tem consciência de que o facto o tenha marcado tanto. Abrem a empresa e à medida que ela cresce, um dos sócios começa a contratar pessoas da sua família e isso incomoda tremendamente o outro sócio.

Aquilo que para um é normal, para o outro é um grave problema. Como nunca conversaram sobre a situação, o que para um é uma coisa normal, para o outro é um complicador.

É difícil chegarem a um acordo, uma vez que possuem pontos de vista contrários.

Assim como nestes exemplos, existem várias situações, nas quais um pensa de forma oposta ao outro, gerando imensos problemas. E, muitas vezes, os aborrecimentos são por coisas até pequenas, mas que acontecem várias vezes.

Aí, quando resolvem separar-se, parece que foi por algo pequeno, por uma gota de água. Mas o problema não estava na gota e sim no copo que já estava cheio!

Por tudo isto, a melhor receita é o diálogo, conversar sobre os problemas, mesmo que pequenos.

Se quiser um relacionamento duradouro, é preciso buscar entender o ponto de vista e as expectativas do outro, além respeitar o direito do outro de pensar diferente. Também é preciso ter cuidado durante a conversa, porque comunicação é uma estrada de dois sentidos. Não importa o que se diz, mas como o outro recebe, e cada um entende o que ouve em função das suas experiências de vida.

Para meditar, aqui vai a epígrafe da semana:
A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente.
Soren Kierkergaard