17 de fevereiro de 2012

Plantas de Poder


Na Bíblia diz:
"Eis que vos dou toda a erva que dá semente sobre a Terra e todas as árvores frutíferas, contendo em si mesmas a sua semente, para que vos sirva de alimento", Genesis 1,29

A natureza não é nossa inimiga, para ser estuprada e conquistada. A natureza somos nós, para ser investigada e tratada com carinho. O xamanismo sempre soube disso, e sempre, nas suas expressões mais autênticas, ensinou que o caminho requer aliados. Esses aliados são as plantas de poder e as misteriosas entidades mestras, luminosas e transcendentais, que residem na dimensão próxima, dimensão de beleza e compreensão extática que negamos até quase ser tarde demais.

Conhecidas atualmente como plantas enteógenas (entheos = Deus dentro) são também reconhecidas como Plantas Mestres, Plantas Professoras, Plantas de Conhecimento, Plantas de Poder, Plantas Sagradas.
Das plantas obtém-se os princípios ativos empregados nos medicamentos, tendo-nos sido dado uma completa farmácia natural. Umas alimentam-nos, outras perfumam-nos, outras purificam, acalmam, dão prazer, etc. Porém, algumas plantas transportam a mente humana para regiões de maravilhas espirituais, alterando a nossa consciência, levando-nos ao Mundo Profundo, reconectando-nos com os nossos ancestrais.

Muita gente questiona-se acerca da necessidade de tomarmos uma substância de uma planta para nos conectarmos com o sagrado. Esquecem-se que o uso de Plantas Sagradas faz parte da experiência humana há milénios, não podendo nunca ser confundidas com drogas que causam a dependência e colocam em risco a saúde de quem as usa. A Planta é criação de Deus, a droga é uma criação humana.

As Plantas de Poder ou as folhas da Árvore da Sabedoria obedecem a preceito mágico-religiosos e proporcionam cura, autoconhecimento e expansão da consciência.

Durante milénios, o nome destas plantas foram guardados como o mais precioso segredo dos e a sua divulgação foi um fenómeno específico de nossa Era. São elas que provocam a transcendência e levam ao Êxtase.

Plantas de Poder são um caminho, um entre vários caminhos dentro da medicina tradicional.
Como exemplo, temos o uso do Wachuma, cujos registros arqueológicos de seu uso remontam há pelo menos 3000 a.C., na tradição Chavin de Huantar, nos Andes peruanos.

É costume indígena receber ou intuir cantos, que nós entendemos por ativação molecular e extrafísica motivada por uma Planta de Poder, cantado em situações difíceis ou especiais. Estes cantos no universo urbano são chamados de “recebidos”, nunca “compostos” por alguém. Numa aldeia nativa, tudo vem dos “espíritos” nada é de direito próprio.

A América do Sul, sem dúvida alguma, detém um virtual monopólio de plantas que produzem, induzem e alteram o estado da consciência, sendo diversificado o seu uso. O conhecimento do xamã a respeito destas plantas não pode, de forma alguma, ser ignorado.

Cada grupo tem uma planta de poder, dependendo da região, diferindo no uso do nome. Mas o que elas ensinam afinal? Estas plantas, de forma geral, mostram de forma clara que o mundo está sempre em perpétua transformação, que o ser humano tem uma função especial neste planeta, e dão-nos a referência de que um dia todos seremos levados de volta para nosso lugar de origem espiritual.

A observação do uso de plantas de poder, para a expansão da consciência, está presente nas Escrituras Sagradas. Sabe-se por exemplo que os sacerdotes védicos utilizavam a Soma para entrar em contato com o Reino Celestial, que o Rei Salomão era mestre no conhecimento de algumas plantas de poder, que os druidas tomavam uma poção que lhes conferia força e coragem, mas, foi entre os indígenas, que se têm um relato mais preciso da sua utilização.

Estas, nas suas diferentes espécies, participaram e participam em cerimónias rituais em todos os continentes.
Atualmente, existem comunidades religiosas que  utilizam as Plantas de Poder como o sacramento dos seus rituais. Temos a Igreja Nativa Americana, que utiliza do Peiote (Don Juan),  o Catimbó, da Jurema,  a Ganja, O Santo Daime, a União Vegetal e a Barquinha, da planta conhecida no Peru como Ayauasca, e nas matas brasileiras com os nomes; iagé, nixi honi xuma, caapi.

As Plantas de Poder aumentam a nossa perceção visual e auditiva, e transportam o praticante para outras camadas vibracionais ou dimensões. A experiência é individual, algumas pessoas têm visões, outras canalizam mensagens, fazem regressões, recebem insights, recebem soluções para os seus problemas com maior claridade, percebem as causas das suas doenças, recebem cura, conectam-se a arquétipos, aos mitos, aos medos, traumas, símbolos que estão no inconsciente coletivo, visualizam entidades, viajam astralmente, etc..

O uso ritualístico das Plantas de Poder, proporciona uma experiência místico-religiosa de beleza incomparável, o êxtase, o nirvana, o encontro com o Eu Superior, o transe.

O uso de plantas sagradas tende, também, a fazer com que as pessoas passem a querer consumir produtos mais saudáveis. Outras, largaram dependências químicas, vícios de álcool, etc. Relembrando que as Plantas possuem um poder depurativo, ou seja, que elas provocam limpeza, quando acham que há algo a ser limpo no corpo, mente, emoções e/ou espírito.

As plantas xamânicas e os mundos que elas revelam são mundos de luz, poder e beleza que, de um modo ou de outro, estão por trás das visões escatológicas de todas as grandes religiões do mundo. Podemos reivindicar esse legado pródigo assim que pudermos refazer nossa linguagem e a nós mesmos.

Edward McRae, em "Guiado Pela Lua” diz:
"O uso de psicoativos para variados fins, mas principalmente na busca da cura e contato com o divino, ocorre historicamente em muitas regiões do mundo. Os textos sagrados da Índia e os poemas épicos de Homero, na Grécia, trazem relatos sobre o uso de plantas e outras substâncias naturais para provocar alterações de consciência. Até em regiões tão ermas quanto a Sibéria usou-se cogumelos para fins xamânicos.


Entretanto, é nas Américas que se concentra o maior número dessas substâncias, e onde até hoje mais frequentemente se faz uso delas. O seu emprego nesta região do mundo está ligado mais a fins sagrados, na recreacionais, para validar ou retificar a cultura, e não como uma maneira de temporariamente escapar dela."

Nas Américas, as plantas mais utilizadas são a Ayahuasca (também conhecida como Yagé, Caapi, Corda da Morte, Banisteriopsis caapi, entre outros nomes), o cactus Wachuma (cujo nome católico é San Pedro e científico é Trichocereus Pachanoi, ou Peruvianus), o cactus Peyote, a Jurema (no Brasil) e certos tipos de cogumelos. A Ayahuasca é uma planta da selva amazônica, cujos registros arqueológicos também datam de épocas remotas. Esta planta também é utilizada hoje em algumas doutrinas como o Santo Daime.

No Equador, na península de Santa Elena, há figuras de cerâmica de 4000 a.C. onde aparecem curandeiros mascando e inalando determinadas plantas.

A planta de poder age expandindo a consciência, aumentando a percepção e a sensibilidade, retira os "filtros" entre o nosso consciente e inconsciente e as barreiras que temos como realidade ordinária, permitindo-nos explorar outras dimensões do nosso ser e do universo. Desperta as pessoas, fazendo com que descubram o seu poder, tornando-as muito mais conscientes para caminhar na vida. Abre a mente para o autoconhecimento, expulsa do corpo sentimentos de raiva, ódio, depressão, dor, traumas e medos, fazendo com que as respostas sejam procuradas dentro, já que tudo está dentro de nós.

O espírito mestre da planta tomada actua, bem como a energia de quem prepara a bebida, o que exige cuidado, seriedade e sabedoria.

Durante o trabalho com as plantas, ou seja, durante o período em que dura o seu efeito, podem haver momentos maravilhosos e momentos simplesmente aterradores. Muitas vezes, há quem jure que não sairá vivo ou que jamais tornará ao estado mental normal de novo.

A planta provoca de alguma forma uma limpeza geral a nível físico e emocional, seja através de visões, sonhos, ou manifestações físicas de catarse como o riso, o choro, vómitos ou diarreias. Dependendo da planta utilizada, estas sensações podem ocorrer separadas ou ao mesmo tempo. A ocorrência em algum grau de acontecimentos desagradáveis são comumente chamados de peia ou purga. A combinação entre o uso de plantas de poder e uma disciplina que conduza ao silêncio interior é uma combinação poderosa para provocar estados alterados de consciência com controlo e sobriedade.

As plantas de poder buscam na origem a nossa cura, pois uma manifestação física de uma doença tem fundo emocional, psicológico ou espiritual, sendo, então, que o que se faz é tratar a origem, e não somente o sintoma ou manifestação.

A princípio não existe contra-indicação e dependerá da planta a ser utilizada e também de quem ministrará a medicina. Não é restrita a iniciados e qualquer pessoa pode buscar este caminho de cura, mas é extremamente aconselhável que seja tomada com o acompanhamento de alguém que conheça bem a medicina. Alguns acreditam que não é adequado ingerir plantas quando se faz uso de determinados medicamentos que atuam no cérebro, como os anti-depressivos, tipo fluoxetina ou prozac. Também diabéticos não devem fazer uso de planta porque aumenta o nível de glicose, ou que também não é aconselhável a toma por pessoas que tenham algum distúrbio como psicoses, transtornos, esquizofrenia, ou similares. Há casos de pessoas com problemas de desequilíbrio mental que foram curadas.

Normalmente há uma dieta antes da toma da medicina, um jejum ou a supressão de determinados alimentos como a carne. Alguns utilizam a abstinência sexual durante algum tempo que precede os trabalhos.

Há uma espécie de "chamado" da planta, quando sentimos que estamos prontos ou quando sentimos que há necessidade de fazer o trabalho tomando a medicina, ou não. Deve-se sentir no íntimo se deseja comungar com o espírito da planta e entregar-se ao desafio de conhecer e curar a si mesmo. Os efeitos a nível espiritual e emocional, traz a ampliação da perceção, que não ocorre somente durante a toma, mas são coisas com as quais a pessoa tem que aprender a lidar depois, já que uma vez que se entra num outro nível de perceção, muita coisa muda à sua volta.

Algumas culturas usam as plantas de poder para fazerem suas conexões, iniciações e, principalmente, para conhecerem e desenvolverem o potencial que todo o ser humano é capaz de ter, sendo a chave o autoconhecimento através das visões e do contato com os planos mais íntimos e mais longínquos, ou encontrando a origem de muitas enfermidades.

Embora muitos relatos se pareçam, as visões, sensações, a experiência é extremamente pessoal. É um dos caminhos da medicina tradicional, mas não é o único. Existem outras práticas que permitem a expansão da consciência. Em outros casos, técnicas de cura e meditação, aliadas ao uso de plantas de poder aceleram o processo.


! Alerta ! - A busca pelas Plantas de Poder pode ser perigosa. Não são todos os que dizem conhece-las, que as conhecem realmente. As Plantas de Poder só trazem resultados benéficos, se utilizadas dentro de um fundamento espiritual, consagradas em rituais e preparadas de forma correta, pela pessoa correcta.